Cada vez mais na moda, a palavra Nutrição ainda não é compreendida por muitas pessoas e tantas vezes é associada a dietas e a perda de peso. Claro que a Nutrição, como forma correcta de nos alimentarmos, também tem a ver com regimes de emagrecimento (esqueça essa famigerada palavra “dieta”, tão mal aplicada), mas vai muito para além disso.

Desde que o Homem existe que tem de se alimentar para sobreviver, como todos os seres viventes neste nosso Planeta Azul, desde as plantas aos animais. E recordemos que, tecnicamente, o Ser Humano é na realidade um animal, da classe dos mamíferos, sendo um omnívoro na forma como se alimenta.

Comecemos com esta história do ser omnívoro. Parece uma palavra complicada, mas significa apenas que o Homem inclui ou pode incluir todas as classes de alimentos na sua alimentação, desde os vegetais aos animais. No entanto, esta faceta omnívora deve ser equilibrada, porque o Ser Humano não é carnívoro, ou seja, pode comer carne, mas esta não é a base da sua alimentação.

Sabia que só existe uma classe de mamíferos que é “carnívora essencial” no Planeta? Os felinos. Estes alimentam-se quase exclusivamente de carne, daí a denominação “carnívoro essencial”. Os únicos nutrientes vegetais que consomem são aqueles que se encontram nos estômagos da sua caça, que é eminentemente constituída por ruminantes, de maior ou menor porte. Ou seja, alimentam-se de presas que comem vegetais, como erva, grãos, bagas e sementes (desde as enormes gazelas às modestas lebres).

O que mais distingue uma espécie omnívora de uma espécie carnívora essencial é a sua dentição e força mandibular, preparada e apta para “rasgar” a pele e músculos das suas presas, e o seu sistema digestivo, principalmente no que respeita o intestino: nos carnívoros o intestino é curto, nos omnívoros é extenso, o que potencia a putrefacção da carne (quando em excesso e principalmente não acompanhada de vegetais, logo, fibra) no seu longo percurso.

Voltemos à Nutrição, essa palavra tão ouvida desde algumas poucas décadas até hoje.

Nutrição é algo tão simples como aquilo que comemos, e algo tão complicado como o estudo daquilo que comemos. Resumidamente e de forma muito clara, a nutrição, enquanto alimentação, é consumirmos a quantidade certa de nutrientes provenientes de alimentos saudáveis e nas combinações correctas. É o equilíbrio que deve estar presente em todas as vertentes na nossa vida, desde a actividade física, à saúde mental e emocional, e àquilo que comemos e como comemos. É precisamente por isto que não devemos confundir a nutrição (que é realmente a forma correcta que a nossa “dieta” diária deve ter, com o real significado que a palavra dieta tem) com aquilo que se tornou hábito referir como “dieta” no sentido de regime de emagrecimento e que muitas vezes é totalmente desequilibrada, conduzindo a carências nutricionais e até instabilidade emocional e de humor. Alguns tipos de “dieta”, encontradas em “receitas” de amigos e conhecidos, podem até ser perigosas e levar a estados de fraqueza e mesmo doença.

Recentemente, eu própria, com o defeito profissional de médica e nutricionista, fiquei preocupada quando um amigo, cujo sentido de humor tinha esquecido que era daqueles ditos com o ar mais sério do mundo, fiquei preocupada quando, antes do nosso jantar de amigos, disse que estava a fazer “a dieta do ananás”. Todas ficámos a olhar para ele preocupadas e pedimos que explicasse… ele começou a rir e disse “como tudo, menos ananás”. Foi um alivio acompanhado de umas boas gargalhadas.

A outra face da Nutrição é a científica, mas que não é um bicho-de-sete-cabeças. Apenas nos esquecemos na correria diária de como devemos alimentar o nosso corpo correctamente, para estarmos saudáveis e com energia. Assim, este estudo da Nutrição conduz ao conhecimento aprofundado dos alimentos e da importância do seu equilíbrio, através do estudo da forma como o alimento, líquido ou sólido, tem influência no nosso organismo, com especial incidência no conhecimento de como os nutrientes essenciais são fundamentais para promover e manter a saúde.

Estudar Nutrição, esse longo curso, é estudar os processos bioquímicos e fisiológicos que estão envolvidos na nossa alimentação, na nossa “nutrição”, e a forma como as substâncias que estão presentes em todos os alimentos que ingerimos nos fornecem a energia de que precisamos ou são transformados nos tecidos que formam o nosso organismo, desde os músculos aos órgãos vitais.

A Nutrição, afinal, é a arte de combinar, da forma mais equilibrada e eficaz, os hidratos de carbono, a fibra, as gorduras (lípidos), os minerais, as vitaminas, as proteínas e a água, ou seja, todos os nutrientes responsáveis pelo fornecimento da nossa energia e saúde. Temos de ter a quantidade certa de nutrientes, e nas combinações certas, e sempre a partir de alimentos salutares.

Através do estudo da Nutrição, sendo esta a sua vertente mais importante, temos a capacidade de observar as doenças que podem ser um resultado de má alimentação e sabermos qual é o papel que os alimentos desempenham no desenvolvimento e na melhoria de várias doenças crónicas.

Agora já sabe… não ponha em risco a sua saúde para perder uns quantos quilos à pressa.

Vamos prevenir, não remediar. Em qualquer dos casos, procure manter ou remediar com aconselhamento especializado. Ganha a sua saúde e ganha a sua beleza.

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